domingo, 7 de março de 2010

O Inusitado


Ao longo da vida descobrimos que querer, nem sempre é poder.
O desenrolar dos acontecimentos, de uma forma sutil ou até mesmo drástica, acaba nos mostrando que o tempo do destino, quase nunca, está conectado ao nosso tempo interior.
Isto significa que o que desejamos hoje, pode acontecer amanhã, ou depois, ou depois... ou... nunca se realizar. O que inclui desejar aquela pessoa especial, ou um novo trabalho, um novo par de tênis...
No entanto não podemos esquecer que no cassino da vida as apostas também são altas e os ganhos, quase sempre incertos.
Realidade frustrante? depende do ponto de vista de cada um. Afinal, sem desejos, sonhos, ilusões, o mundo não teria cores, a emoção não inflaria nossos pulmões, os corações não bateriam tão forte e aceleradamente quando descobrissem o amor.
A meu ver, precisamos fantasiar para suportar as decepções do dia-a-dia.
Entretanto, devemos nos lembrar que tudo leva tempo e exercitar nossa paciência é um fator primordial. Perceber que nada é definitivo e que para tudo sempre haverá uma solução é essencial para se granjear vitórias.
O que ocorre é que esta solução pode não ser a que nós esperávamos, e geralmente não acontece como gostaríamos. E isso é maravilhoso!
Significa que a vida é cheia de surpresas, imprevistos, e que definitivamente não possuímos o controle sobre tudo, às vezes, nem sobre nós mesmos, e isto nos abre as portas para o casual, o inusitado. Assim, podemos ser surpreendidos a qualquer momento, em qualquer época, o que poderá nos deixar felizes... ou não.
Tudo dependerá dos acontecimentos.
Claro que não seguiremos como um tronco lançado em uma correnteza desenfreada. Tentaremos sempre ter as margens do rio como referência. Continuaremos com nossos planos, almejaremos conquistas, mas o diferencial estará em como lidaremos com nossas frustrações.
Podemos desistir e acumularmos fracassos, ou manter vivo o querer, mesmo correndo o risco de ele nunca acontecer.
Porque o que importa mesmo é saber que o resultado em si não significa que chegamos ao àpice ou ao ponto final, e que esta não é a parte mais interessante, pois, como os moinhos são movidos pelo vento, nós somos movidos pelas emoções e são elas que fazem valer a pena viver. Sentirmos nossas mãos suadas, nossa respiração ofegante, o coração descompassado diante de uma nova conquista, é simplesmente emocionante.
Com o tempo nos damos conta de que desejo e paciência andam sempre de mãos dadas, e que este é um dos grandes segredos para alcançarmos o sucesso.