segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Leão dono de circo - Gustavo Dias



Meu peito arde
arde sem respeito.
Arde a ilusão que sopra, enquanto
cubro meu espanto
e me deito
a sonhar
beijos invisíveis e noites
recortadas; navios piratas.
Arde, agora (sempre), meu corpo;
mão que não toca a tua
boca
isenta de meu beijo. Assim, invento-te
assim, corrompo
o tempo e engano a mim mesmo.
Engano, mas te vivo a meu modo:
irreal e submisso; leão dono de circo clandestino.
Arde, arde esse silêncio
que grita
clichês poéticos
vozes patéticas a ganhar forma, vida
e morte;
vozes que não existem, nada existe
senão essa vontade de voz
que persiste
- deixada à própria sorte –
em ser algo: trincheira, poema,
talvez
faísca leve sob a chuva noturna.






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